30 de março de 2010

O SILÊNCIO

Ando sentindo, de uns tempos para cá, uma grande paixão pelo silêncio.
Parece absurdo, mas é verdade! Vontade de me perder no silêncio, mesmo ao lado de outras pessoas. É incrível como a maioria gosta do barulho, da agitação, do entra e sai, das buzinas, dos gritos, da algazarra das crianças.
Não sou diferente: gosto também de conviver com meus filhos e brincar com os netos, de conversar com meus amigos, de compartilhar idéias.
Mas, chegar no refúgio da minha casa não tem preço. É quando me encontro, entro em sintonia com meus anjos e meus monstros. E costuro e converso com minha mãe (que já se foi) que era exímia costureira e me tira dúvidas quando preciso; é quando cantarolo minhas canções preferidas; quando comento sozinha, na frente da TV os absurdos cometidos pelos políticos, pelos assassinos, pelos ladrões. É quando me enterneço com o pássaro que canta na minha janela, quando descubro mais uma fruta que não estava no galho da mangueira na semana anterior, quando noto as pessoas passando alegres com seus filhos na calçadinha em frente e as abençõo sem que saibam.
Mas sozinha, sempre mergulhada no silêncio. Essa paz que me envolve é que me permite refletir, filosofar, entender Pessoa e Simone, admirar o que vejo e o que não vejo e ser grata à vida pelo que recebo.
Difícil de entender? Tudo bem, mas é muito bom, gente! Um dia vocês chegam lá e me darão razão.
Clarisse Lispector já dizia: " Nao se pode falar do silêncio como se fala da neve.
O silêncio é a profunda noite secreta do mundo. E não se pode falar do silêncio como se fala da neve: sentiu o silêncio dessas noites?
Quem ouviu não diz. Há uma maçonaria do silêncio que consiste em não falar dele e de adorá-lo sem palavras."

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