21 de outubro de 2010

MEUS ENIGMAS

Muitos perceberam que ando calada, quieta no meu canto, como um urso hibernando.
Mas não me escondi para dormir ou para aguardar um novo verão.
É que tenho, como a maioria das pessoas, umas esquisitices, um modo estranho de me recuperar de aborrecimentos. A fuga para a minha caverna, onde há quietude e solidão. Esse jeito goiano de "aninhar" até a tristeza passar.
Mas, tristeza, por que?
Ah, gente, se eu soubesse o porquê, o segredo estaria desvendado!
Tristeza pelo simples fato de ser poeta. De ter a sensibilidade tão aguçada. De ser humano. E como tal, falível, controverso, ambíguo.
E temos que nos aceitar assim como somos. Há dias em que estamos felizes, eufóricos, mergulhados na luz e há outros em que algo nos incomoda, entristece e nem há tantas razões para isso. Mas ficamos assim. É algo cíclico. Depois passa. Normal.
Vale, pois, relembrar o que já disse em Retalhos Poéticos:
"Vamos estar sempre sós, perdidos em nosso insondável universo.
Como pretender que alguém compreenda os meus mistérios e anseios,
se nem mesmo eu sei da vastidão do meu deserto?
Ah, me deixem só com meus enigmas!"

FERNANDO PESSOA

"Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até a beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor -
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependendo do que fui outrora
Porque ainda o sou."

De O Pastor Amoroso - Alberto Caieiro

14 de outubro de 2010

BOLINHO DE MANDIOCA C/CALABRESA E CATUPIRI

Ingredientes:
1 kg de mandioca
250 g de calabresa picada
200 g de queijo catupiri
Salsinha
Cebolinha
Sal
Pimenta a gosto.

Preparo:
Cozinhar a mandioca até o ponto de massa. Misturar com os outros ingredientes (menos o catupiri). Na hora que desejar, untar as mãos com um pingo de manteiga ou óleo, enrolar uma porção da massa, deixando um pequeno "buraco" para acrescentar o catupiri.
Depois é só fritar em óleo quente e servir.

13 de outubro de 2010

DIGNIDADE

O homem se angustia e se rebela
na busca de liberdade,
justiça e dignidade,
mais do que na busca de água e pão.

Hoje compreendo
o sonho dos encarcerados...

7 de outubro de 2010

POVO INCONSCIENTE

Sempre tive para mim que religião e política não se discute.
As discussões sobre essas questões são, no mais das vezes, maléficas.
Não que devamos deixar de argumentar, trocar idéias, defender posicionamentos. Senão, faremos parte do pelotão dos omissos.
Mas essa discussão deve ser polida, respeitosa, democrática.
Sempre levei a sério a escolha política de cada um. Esse é um exercício de cidadania.
Mas, ultimamente, não tenho conseguido esconder a minha decepção com as escolhas políticas dos eleitores e com os candidatos que nos são apresentados como nossos representantes.
Alianças políticas, as mais absurdas são estabelecidas por diversos partidos. Alguém está aqui hoje para, em seguida, migrar para outras siglas mais representativas, com maior espaço na mídia. Os ideais são muitas vezes ignorados, esquecidos.
E o povo, ah, o povo tão sofrido... Escolhe mal, ou melhor, nem escolhe. Muitos são direcionados facilmente a quem lhes pagar mais: um emprego para o filho, uma cesta básica, um pedacinho de terra.
E por que isso acontece? Por puro interesse de alguns políticos inescrupulosos e por pura falta de consciência de muitos eleitores. Não conseguem ter alcance dos benefícios de uma mudança que atenda os reais interesses da comunidade, que torne a vida dos brasileiros mais digna. Ainda que seja uma mudança a médio ou a longo prazo. Poucos pensam nas gerações futuras.
E a luta de alguns bons candidatos em prol da saúde, da segurança e da educação vai ficando de lado.
O povo, ah que pena!
O povo tão inconsciente... tão manipulado...
Sabiamente, afirmou Willian Santiago:
"POVO
A pedra atirada na água (e seus círculos concêntricos).
Tantas comparações em teu nome,
tantas vezes o teu nome em vão.
Mas ninguém de verdade pensando em ti,
em tua queda,
tua descida ao fundo do poço,
tua solidão de pedra submersa."