19 de novembro de 2008

CLARICE LISPECTOR

Hoje amanheci com sede de Clarice.
Folheando o livro APRENDENDO A VIVER,
com textos e imagens dela, selecionei uma
das que mais gosto:

"Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre.
Mas - mas eu também?! Não esquecer
que por enquanto é tempo de morangos.
Sim. "

11 de novembro de 2008

PORTUGAL

Gente, demais Portugal!
Cheguei de lá encantada, sentindo-me privilegiada por muitas razões.
Meus filhos e meu genro, além de alguns amigos, todos integrantes da Cia de Comédia Os Melhores do Mundo, estrearam Hermanoteu Na Terra de Godah no Teatro Tivoli, em Lisboa, em cartaz nos dias 01 e 02 de novembro.

Sucesso total. Fiquei vaidosa, vendo brasileiros e portugueses que chegavam ao Tivoli apressados, aos pares ou em grupos, ansiosos para verem o espetáculo.
Muitas gargalhadas, muitos aplausos. Meu coração florido, planando de satisfação.

Depois da temporada, fui curtir com minha família as atrações e as iguarias de Lisboa, de Sintra, de Óbidos e de Cascais.

Conheci em Lisboa o Hermano, gente muito fina. Um baiano maravilhoso e competente, responsável pela produção local dos espetáculos dos Melhores do Mundo. E também a Ana Paula, uma pernambucana muito simpatica que vive há muito em Lisboa e que também é integrante da produção local e que nos ciceroneou na cidade.
Parabéns aos dois brasileiros que também recebem os louros e os meus aplausos, juntamente com a o grupo MM.

22 de outubro de 2008

A VIDA E A MORTE

Perdi uma tia querida. Tia Lili. Encantou e coloriu a infância de todos, irmãos,
cunhados, filhos e sobrinhos. Sua casa era o óasis onde todos gostavam de descansar
o cansaço. Íamos entrando casa adentro até chegar à varanda dos fundos, onde cada qual
se acomodava à volta da grande mesa, perto do pé de limão e de goiaba. E lá vinha o café, os biscoitos e doces para nós, crianças. As cervejinhas geladas e os petiscos para os adultos.
Tia Lili era toda riso, toda alegria. Um poço inesgotável de bom humor e alegria.
Quanto mais doava, mas se reabastecia de amor.
Nós, de Brasilia, quando íamos a Goiânia, preferíamos a sua casa simples à de outros parentes
mais abastados. Porque ela tinha tudo que nos abastecia e alimentava. Seu amor suave e risonho.
Sentávamos à mesa e fazíamos dueto nas cantorias. Às vezes meu filho Marcello levava seu violão e cantávamos, como nós cantávamos...
Sua voz linda e afinada ressoava pela casa e pelo quintal.
Sua preferida "CHALANA" de tão linda, ecoava até ultrapassar os limites dos seus muros.
Agora a tia Lili se foi, deixando conosco um tristeza infinda.
Foi risonha, cantar CHALANA para anjos e querubins.

No mesmo momento em que tia Lili foi sepultada, nascia o meu neto TOM.
Fui vê-lo hoje, no seu primeiro dia de vida, lourinho, frágil, perfeito, saudável.
E feliz, fiquei embalando-o, agradecendo a Deus a chegada de mais um filho do meu filho
Marcello.
A vida é mesmo assim. Uns se vão para uma vida nova, outros chegam para uma vida nova.
E temos de aceitar nossa existência, assim mesmo como ela é. Sabendo que há dores, mas há alegrias infindas, sonhos e esperanças.
E viver a vida sempre vale a pena.

14 de outubro de 2008

TERRA A VISTA

Já estou afivelando as malas novamente.
Vou pras margens do Tejo.
Preciso rever a terra que nunca foi minha,
mas que preenche os meus sonhos,
desde a minha infância.

Vou assistir a estréia da minha filha Adriana
nos palcos lusitanos.
Ela integra a Cia. de Comédia os Melhores do Mundo
e vai estar em cartaz no Teatro Tivoli, de Lisboa,
nos dias 01 e 02 de novembro/2008.

Mas, esta não é a última viagem à Lisboa.
Um dia, chego lá de novo pra passar um tempo longo
e matar esta saudade secular, que não tem fim.
Não sei se é saudade só da terra ou do Antonio Augusto
a quem amei muito. E que se foi.
Preciso curar minha ferida, ir além do Bojador...

28 de setembro de 2008

ESTOU DE VOLTA

Faz muito tempo que não posto comentários aqui. Uma pena..
Não por comodismo, mas por falta de tempo mesmo.
A gente quer ser muitas, exercer inúmeros papéis e, quando se dá conta,
faz tudo de forma incompleta, meio atrapalhada.
Ando interagindo no OVERMUNDO também, o que me toma
bastante tempo.
Postei lá alguns poemas meus. Uns antigos, outros inéditos.
Conheci muitos poetas maravilhosos e seus trabalhos magníficos.
Ampliei meus horizontes. Diante de tantos talentos, vi que o meu trabalho
é humilde como as violetas. Minha linguagem é aberta, quase escancarada.
Não me julgo pior nem melhor do que ninguém. Cada qual tem o seu estilo.
Mas acho lindo quando leio um poema e fico quieta, refletindo, buscando
decifrá-lo.
Já os meus poemas são simples, curtos, dizem a que vieram.

13 de agosto de 2008

LEMBRANÇAS I

Hoje reli o esboço da minha autobiografia, a ser editada ainda neste ano.
Resolvi transcrever um trecho que fala da minha infância, quando eu vivia com meus pais na Cidade Livre - bairro pioneiro de Brasilia, quando eu tinha apenas 12 anos.

"Os meus trocados também me davam o direito de comprar "raspadinha" na saída da escola. Eram uma delícia. O vendedor tinha uma grande barra de gelo que ele raspava e ia colocando nos copos, para depois derramar o licor. Eram de vários sabores, mas o melhor mesmo era o de groselha, muito doce e vermelho.
Eu achava o vermelho a cor mais linda do mundo. E ainda acho.
É a cor dos letreiros luminosos, das flores dos vestidos e dos cabelos das ciganas, das rabiolas de pipas e de coisas gostosas, como raspadinha de groselha, como melancia e como Campari.
Vermelho é a cor do meu batom, da minha alegria e da minha vida."

29 de julho de 2008

VOLTA DAS FÉRIAS

Ufa! Depois de mais de 25 dias de férias, eis-me de volta a minha casa. Cansada, com a coluna sobrecarregada de tanto arrastar malas com roupas e com as lembranças para os filhos, netos, amigos...
Hora de fazer o balanço da viagem, avaliar os gastos, os sonhos realizados, as gafes nos países distantes, as brincadeiras, os novos amigos.
Sou uma eterna viandante. Quando digo que não finco raízes, não quero dizer que não me prendo às pessoas que quero bem. É que não sei ficar sem vislumbrar novos horizontes.
Viajar é como ser outra, é como exercitar novos papéis, pisar em novos palcos do teatro da vida.
Vale a pena, gente! Como vale a pena. Viajar, para mim, é como investir na minha própria bolsa de valores.
Fui a Londres (pela primeira vez), voltei a Paris, Madri e Lisboa. Procurava sempre abrir meu largo sorriso, arranhar uma ou duas palavras em ingês ou francês, acrescentar outras em português e espanhol e lá ia eu, abrindo caminho, conseguindo chegar onde eu queria, fazer o que queria, comer o que queria.
Não tenho vergonha de arriscar. É claro que eu deveria falar inglês, pelo menos, para não fazer feio. Mas, não fazer feio para quem? Para os cidadãos dos outros países, que quando vêm ao Brasil são tratados como reis e aqui compram tudo a preço de bananas?
Não, temos de nos valorizar também. Que se esforcem para me receber bem, mesmo que eu não fale a língua deles, ora bolas!
Afinal de contas estou lá fazendo turismo, prestigiando sua terra, levando euros ou libras que comprei com sacrifício, com o meu suor.
Que me critique quem quiser. Não vou, a esta altura da minha vida, me matricular em curso de inglês. O tempo que vou gastar com curso, uso para viajar de novo.
E está acabado.
Em Paris, fui a uma perfumaria imensa, a Sephora, decidida a comprar um batom. Fácil, já que estavam todos expostos, com os respectivos preços. Era só pegar e levar ao Caixa.
Para minha tristeza, chega um vendedor e me fulmina com perguntas no seu francês perfeito.
Olhei para ele com tristeza. Então ele volta a me interpelar em francês.
Desolada, olhei para ele e disse: ô criatura, não faz isso comigo não! Estou aqui queitinha escolhendo meu batom. Não fala comigo em francês porque fico nervosa...
Então ele me deu um grande sorriso, abriu os braços e disse: que bom, uma brasileira! Muito legal conversar com alguém da minha terra! Estou aqui há 17 anos e fico muito feliz de atender conterrâneos meus! Pronto, ficamos amigos. Ele me mostrou a loja toda. Parecíamos irmãos, o Edson e eu.
Viram? É assim que faço, somos seres humanos e existe algo em nós que nos aproxima, mesmo que falemos idiomas diferentes.
É claro que não funciona com todo mundo. Há pessoas que ironizam, que lhe tratam mal lá fora, que riem de você, mas faz parte do pacote. É normal.

Em Londres foi engraçado. Vislumbrei ao longe a placa Post Office, eu já sabia que eram os Correios de lá. Queria enviar um postal para uma amiga. Fui caminhando em direção à placa. Entrei na loja e, apontando o cartão postal, disse ao rapaz:
Please, quero mandar esse card para o Brasil!
Ele me olhou de um jeito estranho e disse: What?
Então repeti: Please, quero enviar esse card para o Brasil.
Ele começou a rir e a dialogar em inglês com os outros funcionários.
Quando percebi, estavam todos rindo de mim. A princípio, não entendi.
Depois, dei uma olhada à minha volta e vi os balcões cheios de celulares, de todos os tipos e modelos.
Entendi que havia entrado na porta errada, pois os Correios eram ao lado.
Eles continuavam a enrolar a língua e a rir de mim.
Fui saindo de fininho, mas não queria levar pra casa o desaforo.
Então, rindo também, apontei o dedo para eles e disse:
Podem rir, mas quando vocês forem ao Brasil, vocês vão se..... .
Eles não entenderam nada. Mas saí me sintindo vingada, com o palavrão fora da garganta.

1 de julho de 2008

TERRA À VISTA

Gente, sou só ansiedade. Daqui a poucos dias vou à Europa.
Feliz, faço planos e me organizo para ter uma boa viagem , sem muitos contratempos.
Mas é lógico que eles podem surgir.
Precisamos estar preparados para superá-los e não deixar que nada nos tire o prazer da busca,
o encanto de novas descobertas.
Então me lembrei de trecho de um poema que fiz (não me lembro o nome) que diz assim:

Meus sonhos são tão lindos
e brancos como gaivotas.
Ninguém imagina
a quantas vôo.

19 de junho de 2008

TORTA DO PIMENTA

Amigos, esta receita está, há muito, na minha família. A Torta do Pimenta é servida
em qualquer ocasião, mas nós a saboreamos sempre no dia 06 de janeiro
(dia de Santos Reis). Nesse dia, uma moeda (moeda antiga ou não) é esterilizada
e envolvida em papel alumínio e colocada dentro da massa, antes de ir ao forno.
Após fatiada, aquele que sair com a moeda irá guardá-la durante o ano e oferecerá
a Torta do Pimenta no dia 06 de janeiro do ano seguinte, aos convivas.
Sabe-se que o agraciado terá, naquele ano, muita sorte, saúde e prosperidade.
Que assim seja!
Lá vai a receita:
TORTA DO PIMENTA (ou Torta de Reis)
2 copos de trigo (colocar de molho em água morna por, pelo menos, duas horas)
1/4 copo de óleo
1/4 copo de azeite
2 cebolas bem picadas
4 ovos inteiros
2 colheres de aveia fina em flocos
3 colheres de farinha de trigo
2 punhados de azeitonas picadas
2 tomates grandes maduros picados e sem sementes
1 copo de queijo parmesão ralado
salsa e cebolinha picadas
1 colher de caldinho de pimenta (a gosto)
1 colher sobremesa de sal.
Escorrer o trigo e espremê-lo, juntando a ele todos os ingredientes, colocar em
um pirex (sem untar) e levar ao forno quente por + - 40 minutos.
Bom apetite!

17 de junho de 2008

OVERMUNDO/Poesias

Navegando, como quem não quer nada
e querendo aprender coisas novas, descobri
o OVERMUNDO. É um website que abre inúmeras
possibilidades de intercâmbio cultural, onde
podemos postar poesias, comentários,
músicas, vídeos. Entrei na semana passada e
inscrevi um poema meu. Não alcancei votos
suficientes para que fosse publicado o meu trabalho,
mas a experiência foi gratificante.
Descobri trabalhos maravilhosos, de autores
consagrados ou não, mas igualmente talentosos.
Hoje, já estou novamente inscrita
com o meu poema VAGA-LUME.

11 de junho de 2008

CADÊ O AMOR?

Cadê o amor
que estava aqui?
o gato comeu.
Cadê o gato?
ah, nem era gato,
era barrigudo
e esquisito
e sumiu,
com medo de amar.

10 de junho de 2008

HORA CERTA

Tem hora certa para tudo:
para sofrer
e para amar,
para dormir
e para acordar.
Hora certa
para a escola,
para o trabalho,
para chegar ao banco,
para pagar a conta.
A vida tem hora certa
para chegar
e para acabar.

Dane-se.
Vou vivendo como gosto.
Oriento-me
pelo sol
e pela liberdade
e eles nunca respeitam horários...

4 de junho de 2008

Engarrafamentos

Brasília está o caos. Na hora do "rush" ninguém consegue ir de algum lugar para lugar nenhum. Engarrafamentos e mais engarrafamentos têm enfernizado a nossa vida.
É preciso que haja um trabalho conjunto governo/sociedade para encontrar soluções a curto e a médio prazo. Há poucos dias eu soube de um novo plano emergencial do DETRAN para desobstruir as entrequadras do Plano Piloto. Ótimo. Ninguém mais pode parar em fila dupla, engolindo uma das vias das quadras comerciais, sob pena de ser multado. Já é um bom começo.
Todos temos de colaborar. Eu mesma tenho evitado circular com meu carro para ir para o trabalho. E arranjei minha solução. Vou de ônibus e volto de taxi. O gasto é quase o mesmo.
Há ainda aquela hipótese do transporte solidário que ainda não adotamos.
Mas só isso é pouco. Precisamos de fiscalização ostensiva, precisamos de campanhas de conscientização, dentre outras medidas.
Brasilia foi projetada para abrigar uma população muito menor. Daí a previsão e implantação de grandes áreas verdes e isso é maravilhoso.
Mas vocês hão de convir comigo: precisamos de nos readaptar, precisamos de reformulações, inclusive no plano original do Plano Piloto.
De nada adianta possuirmos enormes áreas verdes à volta do nosso bloco, se não podemos sair de casa nem honrar nossos compromisos, por conta de engarrafamentos.
Eu também vivo defendendo a preservação de área verdes, de matas e reservas.
Mas não há outra solução a médio prazo, a não ser a ampliação de vias e estacionamentos.
As entre-quadras do Plano Piloto precisam ganhar uma via alternativa nos fundos dos blocos comerciais, inclusive com estacionamentos para carga e descarga de mercadorias.
E ainda restará uma grande área verde entre eles e os prédios residenciais.
Podem me crucificar, mas eu disse o que tinha de dizer.

28 de maio de 2008

POEMA DA CLARISSE

Quando acordo sentindo um pouquinho de vazio, bebo Clarisse Lispector e me sacio:

"Amar os outros é a única salvação individual que conheço:
ninguém estará perdido
se der amor e às vezes receber amor em troca."

27 de maio de 2008

GRACIAS A LA VIDA

Fiz uma pausa nas postagens deste blog por conta de problemas de saúde. Andei mal de uma gripe insistente. Em seguida, tive um mal estar decorrente de elevação expressiva de pressão arterial. Depois do atendimento emergencial e, passado o susto, fiquei de repouso querendo mesmo parar, ficar quieta, mastigando meus medos e buscando coragem pra mudar. Como é difícil mudar! Sabemos tudo o que é necessário para a nossa saúde, para melhorar a nossa qualidade de vida, mas adotar novos hábitos requer muito esforço, determinação e persistência.
Sempre brinquei dizendo às pessoas que estou pagando um menino para caminhar para mim.
Eles riam da brincadeira e me perguntavam: mas está surtindo efeito, você está emagrecendo?
E eu retrucava: emagrecendo não estou, mas tenho estado com a consciência tão tranquila...
Mentira minha! Hipocrisia, diante da minha dificuldade de obedecer limites e regras. Eu sempre soube da responsabilidade que temos sobre nossa própria saúde. Na verdade, eu nunca gostei de exercícios físicos nem de renunciar às iguarias da gastronomia nacional e internacional.
O ato de comer sempre foi para mim uma celebração. Rica, prazeirosa, quase sagrada.
Quando faço dieta eu me torno uma pessoa triste, como se estivesse presa numa cela, condenada a receber uma ração para não morrer. Sei que estou errada, gente, mas vamos combinar: deixar de saborear um lombinho de porco acebolado para saborear folhas com cenoura e beterraba raladas, ninguém merece!
Merece, sim! Os sábios merecem. Agora estou acordando para a importância do tempo que me resta. E de como esse tempo está condicionado à minha vontade de melhorar minha saúde.
Enquanto tomo providências para adotar essas mudanças, chego todo dia na minha janela e me regozijo pelas bênçãos que recebo e pelo novo dia que chegou: gracias a mi Dios, gracias a la vida!

7 de maio de 2008

O QUE FOI FEITO DO AMOR QUE NÃO PARTILHEI?

Mesmo tendo consciência de não ter desperdiçado os momentos bons que surgiram em minha vida, fico hoje lamentando o que não fiz por amor.
O que foi feito do amor que eu poderia ter distribuído ou vivido com alguém mas que, por recato ou covardia, não vivi?
Onde foram parar os beijos de amor que não trocamos? E os afagos e carinhos que não partilhamos?
O amor e a paixão não vividos foram jogados na vala comum do meu coração e depois de reciclados, foram direcionados a outras pessoas?
Ou eram personalíssimos, ficaram guardados no meu peito e seguirão comigo quando eu me for? Não sei...
Quem pode compreender o amor e seus mistérios, o acaso e também os deuses?

6 de maio de 2008

TEMPO VELOZ

Nem eu mesma acredito,
já vou fazer sessenta anos...

Ainda me vejo pés descalços,
a fazer grude
e a cortar papel de seda
de todas as cores,
para as pipas
da minha infância.

O tempo veloz
logo me fez mocinha,
copiando mamãe
na máquina de pedal
e no fogão de lenha
a derreter toucinho.

Casamento de véu e grinalda
e felicidade e filhos,
um atrás do outro,
cada qual mais lindo!

E num piscar de olhos, pronto!
já estou a brincar com os netos,
e a lhes contar estórias.
Vez em quando, empresto-lhes ursos
e minhas bonecas de louça e de pano.

Sim, ainda brinco de bonecas!
E faço-lhes roupas e chapéus
e conversamos e rimos
e nos distraímos juntas,
agora que meus filhos
cuidam de seus próprios filhos.

Escondida neste invólucro
que o tempo me deu,
ainda sou alegre e sou criança,
mas já vou fazer sessenta anos...
walnizia

maceió

Voltei ontem de Maceió. Tomei banhos de mar e de cultura. Linda a orla marítima, com uma estrutura bem cuidada. Acompanhei o grupo Cia de Comédia Os Melhores do Mundo e seu estrondoso sucesso também na capital de Alagoas. Parabéns aos artistas e sua eficiente equipe técnica. Maravilhosa a gastronomia regional e internacional de lá. Vale a pena conferir.

30 de abril de 2008

PERGUNTAR NÃO OFENDE

Gente, o poeta Silvio Ribeiro de Castro (Livro da Tribo 2008, pág. 333) nos presenteia com o seguinte poema, muito legal:

"Se os deuses não protegem
os mais fracos,
que fiquem neutros, pelo menos.

Por que estão sempre a favor
dos poderosos
contra os pequenos? "

reflexão

A mídia tem noticiado os últimos casos escabrosos de sequestros, torturas e assassinatos de crianças. E nós ficamos perplexos diante de tanta maldade, de tanta frieza com o ser humano, em especial com os pequeninos. Então eu me ponho a refletir sobre as causas dessas atrocidades. Muitas são as opiniões. Cada qual defende o seu ponto de vista. Mas ninguém me convence de que o que falta é amor e respeito no círculo familiar. Será que não há falta diálogo dos pais, avós e tios com os pequeninos? Ontem eu rezava à beira da cama do Théo, meu neto de cinco anos e ele, de mãos postas, repetia minhas palavras. Na cama ao lado, a Lis de apenas três anos me surpreendeu quando me pediu: vovó reza também comigo? Então rezei também com ela a oração do Anjo da Guarda. Não vivo rezando a toda hora nem frequentando igrejas ou cerimônias religiosas, mas acho muito positivo despertar nas crianças, sem pressões, o espírito cristão, a noção de solidariedade e alimentar diálogos que falem do respeito e do amor a si mesmo, à família e ao próximo. É importante lembrá-los que a alegria e a dor que sentimos é a mesma que os outros sentem. Assim começam a não desejar aos outros o que não querem para si mesmos.

23 de abril de 2008

Poemas

Hoje reli algumas pérolas de poetas que enriquecem o Livro da Tribo/2007/2008:

Meu oftalmologista disse
que tenho olhos sensíveis

Fitei-o com ar de poeta.

Leonel Delalana Júnior


IMPOSTOS
Não conte para o governo
que me viu feliz
e bem disposto
ele pode descobrir
que felicidade
não paga imposto

Silvio Ribeiro de Castro

16 de abril de 2008

mudança de casa é também mudança interior

Visitei o apartamento onde vou morar e fiquei matutando sobre o que eu levaria dos meus móveis antigos e onde os colocaria na nova casa. Isso me tirou o sono. Sei que a cada vez que mudo faço também uma tentativa de mudança interior e isso é benéfico. Porque quero ser, cada vez mais, um ser humano melhor. Não posso gastar esta encarnação derramando, ainda, meu veneno sobre as pessoas, sobre a natureza. Preciso me lapidar. Percebo ainda em mim umas coisas feias como a vaidade, o orgulho e a impaciência. E junto com o meu propósito de me purificar veio a decisão de não levar nada do que tenho (que não é muito, mas inclui alguns móveis e objetos de estimação). É assim que quero ir desta vez: nua, desapegada, limpa, para começar do zero. Quero depois, com calma, comprar só o necessário. Tudo claro, límpido como a alma que eu quero de ter.

15 de abril de 2008

Receita de Arroz com amêndoas

Em todas as ocasiões em que a minha família se reúne, inclusive no Natal, eu fico incumbida de fazer o Arroz com amêndoas. Então resolví partilhar com vocês a receita:

INGREDIENTES (Porção para 6 pessoas)
2 copos de arroz
150 gramas de amêndoas
8 dentes de alho fresco picado
1 cebola
6 galhos de salsa
6 talos de cebolinha verde
Azeite
Sal a gosto

MODO DE FAZER
Cozinhe o arroz branco com temperos usuais (alho, cebola e sal) e reserve.
Triture as amêndoas e reserve.
Numa frigideira coloque 3 colheres de azeite para aquecer. Frite o alho, de preferência aquele fresco ou o que é vendido em potes, já cortado e sem sal. Depois que dourar o alho, coloque cebola picada e deixe fritar mais um pouquinho. Coloque sal a gosto. Em seguida misture as amêndoas já trituradas e, por último, a salsa e a cebolinha picadas. Torne a provar o sal e, se necessário, acrescente mais uma pitada.Coloque num pirex uma porção do arroz cozido quente e uma porção do refogado de amêndoas e misture bem. Continue repetindo a operação até temperar todo o arroz. Se quiser, enfeite com azeitonas ou uvas passas sem caroço e cebolinha picada.

13 de abril de 2008

Cavalhadas

Oi, turma, maio vem aí. Não deixem de conferir as Cavalhadas na cidade de Pirenópolis, Goiás. Vale a pena assistir a uma das mais tradicionais festas folclóricas do meu Estado. E aproveitem para curtir a beleza bucólica da cidade e experimentar as iguarias de lá. Ando cada vez mais apaixonada pelo lugar. Depois vou dizer o nome e o endereço do Café que frequento lá, onde se pode apreciar uma boa música ou integrar o grupo dos seresteiros e saborear algumas delícias.

Manias

Engracado (sem cedilha), não encontrei a cedilha no lap-top da minha filha. Fiquei incomodada, insatisfeita e busquei , em vão, usar sinônimos que substituissem os termos que eu queria usar. Então fiquei pensando que a modernidade vai nos tornando, também, pessoas mais egoístas e exigentes, pois como negar que o "nosso" equipamento tornou-se algo indispensável, com o qual nos apegamos, nos damos bem e ficamos em total sintonia? Sentimos a sua falta como se o nosso computador fizesse parte do rol dos nossos objetos imprescindíveis e muito pessoais, como as escovas de dentes e de cabelos, o par de chinelos já gastos, a poltrona à frente da TV, o nosso próprio carro, a almofadinha ou o ursinho de estimacão (sem cedilha) com os quais nos abracamos (sem cedilha). Já não nos conformamos em partilhar objetos e equipamentos, não precisamos dos vizinhos, não gostamos da idéia do transporte solidário. E vamos nos tornando pessoas isoladas, iguais a dezenas ou centenas de pequenas ilhas pertencentes ao mesmo rio (como aquelas mil ilhas do Rio São Lourenco (sem cedilha), no Canadá. É, precisamos lutar contra isso, nos reinventar.

10 de abril de 2008

Nova mudança

Tem coisa melhor ( além de ter saúde e amor) do que viajar e mudar de casa? Pois não tem. Hoje soube que o apartamento onde vou morar já vai ser desocupado domingo próximo. Maravilha! Já estou curtindo. Tudo esquematizado na minha cabeça: comprar tinta, pintar o apartamento, providenciar a mudança em si e tudo o que é preciso para a festa de inauguração. Desta vez vou fazer o que não fiz nas outras 37 mudanças. Até foi a Denise, minha amiga, quem me deu hoje a idéia de colocar uma lista nas lojas. Eu sempre tive muito recato com essas coisas de sobrecarregar os outros. Mas vou deixar uma lista de utensílios que preciso para a casa nova. Já pensou no sucesso? Festa de open house com minha casa suprida com o que lhe falta? Tudo vale a pena se a nossa vida e nosso coração estiverem em festa.

9 de abril de 2008

gracinha de criança

Estou passando uns dias na casa da minha filha enquanto ela e o marido circulam pela Europa. Hoje cedo eu disse à minha neta de três anos: querida, termina de tomar seu leite para irmos para a escola! E ela que sempre gostou de discordar, resmungou baixinho: "se falá não tomo, se não falá eu tomo..." Achei muito engraçado, mas contive o riso. Ah, essas crianças!

Chá das cinco

Oi, turma, ando brincando de ser poetisa. De vez em quando rabisco algo novo que quero partilhar com os amigos.

CHÁ DAS CINCO

As vezes tenho visitas indesejadas.
Quando menos espero,
a tristeza e a saudade
chegam devagar
e de mãos dadas
para o chá das cinco.
Mas nem se demoram.
É que a alegria sempre
me faz um afago
e o sol tem mania
de entrar em minha casa
sem pedir licença.

3 de abril de 2008

Ando tão feliz, tão plena de vida e de viço, como se tivesse trinta anos. Quem dera! Tenho sessenta. Talvez porisso mesmo eu me sinta assim. Se eu tivesse trinta não teria os filhos maravilhosos e os netos lindos que tenho. Não teria os meus amigos, com mais de trinta anos de convivência harmoniosa. E mais: não teria a experiência e sabedoria que só são adquiridas com muitos anos de estrada. Estou muito emocionada hoje, porque meu amigo Ricardo Ribeiro, talentoso músico do Rio de Janeiro (Ricardo Ribeiro & Igreja Invisível) me disse que vai musicar um poema meu. Que glória! O que é a felicidade, senão esses momentos de alegria que vão se somando aos anteriores?

2 de abril de 2008

amor perdido


Era madrugada quando acordei e me lembrei de um grande amor que ficou lá para as bandas de Portugal. No mesmo instante veio, junto com a dor, este poema de estréia, como se já estivesse pronto, guardado no coração. Aí está.



"CORAÇÃO À DERIVA
A minha nau lusitana
deitou-se ao mar.
Por anos a fio
mirei em vão
a linha do horizonte.

O tempo
com seus dedos longos
teceu dores em minh’alma
e apagou as estrelas
que dançavam nos meus olhos.

Meu coração
sem você
ficou à deriva..."