27 de abril de 2010

LUA PRATEADA

Que eu seja água a lhe refrescar
do sol escaldante.
Que eu seja alegria para teus dias tristes.
Que eu seja bálsamo para as tuas dores.
Que seja o meu colo teu leito aconchegante
e a minha voz a ressonância da tua,
ainda que não cantemos juntos,
ainda que haja silêncios e pausas.
Porque teu peito é meu acalanto.
Porque a tua presença e teus beijos são
o néctar precioso que me nutre.
E a nossa lua, a mais prateada de todas...

REFLEXÃO

Por que será que permitimos que pessoas, instituições e valores culturais exerçam tantas pressões sobre nós? Por que vamos nos curvando cada vez mais e nos submetendo, sem raciocinar?
Que medo é esse que temos de gostar primeiramente de nós mesmos?
Que razões são essas tão fortes que nos fazem acreditar que não merecemos o amor, a realização, a felicidade?
Então nos colocamos nos últimos lugares da fila, para que as melhores porções caibam aos primeiros e nos contentamos em ficar famintos.
E quando um de nós se rebela e passa adiante, vem-lhe a culpa, a angustiante sensação de egoísmo, de falta de espírito cristão.
Mas, não é bem assim. Se não nos permitirmos ser felizes, não há tanto valor em amar o próximo. É como se estivéssemos, por pura vaidade, comprando um elogio, uma declaração de altruismo, tipo "Eu sou a melhor mulher do mundo!" ou "Eu sou o cara!"
Se renunciarmos à felicidade, vamos ficando amargos, ressentidos com a própria vida, com os outros e, se tivermos coragem de admitir, ficamos ressentidos com Deus porque atribuimos a Ele a responsabilidade por nosso desapontamento, por nossa infelicidade.
Alô! Fiquem ligados! A recomendação é de que sejamos felizes tanto quanto os outros. Não foi essa a lição do Mestre? Não é o mais coerente?
Mas ainda há tempo. Há sol lá fora, há pássaros, flores e luas .
Sejamos justos ao menos uma vez conosco.
Sem ofendermos ou esquecermos os outros, sejamos felizes também, vivamos todos os momentos belos que a vida colocar diante de nós!
Sejamos leves como plumas ao vento, como crianças que correm atrás de borboletas!

22 de abril de 2010

SOB A LUZ DA LUA

Bendito seja Deus que nos permite a dor,
mas nos concede o tempo.
A vida é mesmo sábia e generosa.
Quando nosso coração se aquieta,
cansado de desilusões;
quando já nada mais esperamos;
quando já nos acostumamos a amar
os outros, sem esperar amor em troca,
eis que a vida nos abre réstias
de esperança e nos presenteia
com a felicidade.
De repente somos jovens de novo,
sob a luz da lua.

19 de abril de 2010

OS CINQUENTA ANOS DE BRASILIA

Faltam poucos dias para as comemorações dos 50 anos de Brasilia. Às vezes fico surpresa diante da rapidez do tempo. Aqui cheguei com meus pais aos onze, todos ávidos pelo trabalho e pela realização do sonho de Dom Bosco através das mãos de Juscelino Kubitschek.
Na 3ª Av. da Cidade Livre nos instalamos num barraco de madeira. Precariedade de todas as formas. Mas, a esperança... ah, essa era cada vez mais viva.
Corríamos até a mina, ao lado das chácaras dos japoneses, e apanhávamos água para o noso consumo. Mais abaixo as lavadeiras cuidavam das suas roupas. Eu ajudava minha mãe a estendê-las no arame e ficava feliz ao vê-las alvinhas depois do anil. Acendia o fogão de lenha de onde brotavam pratos goianos simples, mas gostosos e o café quentinho passado no coador de pano. Ainda hoje conservo o hábito de usar coadores de tecido.
Ia para a escola e à tarde ajudava minha mãe na lida com as suas costuras. Aprendi a costurar aos onze. Era o nosso ganha-pão. Foi a partir de então que comecei a amar os tecidos e hoje me realizo fazendo um retalho abraçar carinhosamente o outro.
À noite, embora na penumbra, brincávamos de roda e de passar anel, enquanto meus pais nos assistiam sentados em cadeiras, "na banda de fora".
Tenho orgulho de ter vivenciado essa época difícil, mas feliz.
Hoje pela manhã li um trecho dos escritos de Juscelino que destaco agora:
"Antes de ser construída, Brasilia foi uma polêmica. A mais longa que se travou no Brasil: viera da Colônia, atravessara todo o Império, entrara pela República, e continuava a ser, até o início do meu Governo - uma controvérsia e um desafio.
........................................................................................................................
Nunca hei de esquecer que, a 21 de abril de 1960, em Brasilia, contemplando a cidade que estava sendo inaugurada, minha mãe alongou o olhar para o horizonte recortado de edifícios de concreto armado e fez este reparo, com o orgulho generoso que as mães sabem ter:
-Só Nonô seria capaz de realizar tudo isto!"
Agora, mais do que nunca, em que toda a mídia está voltada para este aniversário de 50 anos de Brasilia, afloram as minhas lembranças do início dessa epopéia.

14 de abril de 2010

4ª FEIRA INTERNACIONAL DE ARTESANATO - BRASILIA

Fiz uma pausa de alguns dias no blog, me preparando para participar da 4ª FINNAR, uma Feira de Artesanato que acontece anualmente em Brasilia, onde expositores de vários estados e de vários países apresentam seus trabalhos.
Estarei lá pela primeira vez, fazendo juz à minha ousadia, para apresentar meus trabalhos artesanais. Desde criança aprecio a costura que aprendi com minha mãe e minha avó Maria.
De lá para cá estou sempre às voltas com tecidos, buscando criar peças úteis e bonitas para casa:
são toalhas de mesa, jogos americanos, aventais, panos de prato, panos de bandeja, bichinhos fofos e outros. Busco a harmonia entre tecidos diferentes. Faço um retalho abraçar carinhosamente o outro. E sou fiel quanto à qualidade. Tudo é confeccionado em puro algodão ou puro linho. Modéstia à parte, é tudo de bom gosto.
Ficam os amigos e interessados, convidados a visitarem o stand "RETALHOS POÉTICOS", na 4ª FINNAR, no Centro de Convenções de Brasilia, de 16 a 25 de abril/2010.

7 de abril de 2010

VIDA LIGEIRA

Ainda me vejo pés descalços
a fazer grude e a cortar papel de seda
de todas as cores
para as pipas da minha infância...
E num piscar de olhos, pronto!
Já estou a brincar com os netos
e a lhes contar histórias.
Vez em quando empresto-lhes ursos
e as minhas bonecas de louça e de pano.
Sim, ainda brinco de bonecas!
E faço-lhes roupas e chapéus
e conversamos e rimos
e nos distraímos juntas,
agora que meus filhos
cuidam dos seus próprios filhos.

1 de abril de 2010

NOITE ESCURA

Hoje a noite está escura.
A lua dorme oculta
junto aos anjos e santos.
Mas eu sinto seus raios
refletidos no meu coração.
Minha vida é toda
prateada.