27 de julho de 2011

PICANHA DE PANELA

Quer comer uma picanha diferente? Pois, vamos lá!

Ingredientes:
1 picanha inteira
tempero à vontade (tomate picado, coentro (se gostar), salsa, cebolinha, alho, cebola e molho de tomate)
1 ou 2 linguiças defumadas
1 cálice de vinho tinto.
Modo de fazer:
Rechear a picanha com o tempero batido e a liguiça. Cozinhar em panela com o restante do tempero, até ficar ao ponto. Colocar o vinho e deixar mais um pouco em fogo baixo.
Servir a picanha fatiada com o molho, acompanhados de pães, arroz branco ou pirê de batatas.

Bom apetite!

24 de julho de 2011

ME DESEJEM SORTE

Me abracem forte
Me digam que eu mereço
Me desejem sorte
rezem comigo
todas as rezas fortes
aos santos iniciantes
ou aos mais graduados.
No meio desta curva perigosa
dos sessenta,
acelero corajosamente
meu coração.
Estou vencendo obstáculos
e amando novamente...

16 de julho de 2011

SE EU MORRER NOVO

"Se eu morrer muito novo, ouçam isto:
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
Fui feliz porque não pedi cousa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum."
Fernando Pessoa

14 de julho de 2011

MEDO DE AMAR

Sempre fui de saltar de cabeça, como já disse antes em minhas postagens.

Mas o tempo tem me transformado, embora sutilmente, numa pessoa mais ponderada, um tanto medrosa: resquício de frustações amorosas anteriores. Estabelecido fica então um conflito: ousar ( o coração diz que sim) ou permanecer sozinha (a razão diz também que sim).

A possibilidade de um novo relacionamento é real. O que pode vir a ser amor é um canto de sereia. Ouço-o e me encanto, mas ando com receio de me jogar no mar.

Afinal, a mesmice da vidinha solitária é tão reconfortante! Sou uma pessoa tão feliz! Por outro lado, é tão gostoso ter mãos para afagar, ter alguém para amar...

De qualquer forma estou me afastando da praia, bem cautelosamente, em direção ao mar de um possível amor.

Sobre o assunto, acabei de ler um texto do OSHO:

"O amor de verdade não é uma fuga da solidão, o amor de verdade é uma solitude abundante. A pessoa está tão feliz em ficar sozinha que tem vontade de compartilhar. A felicidade sempre quer compartilhar. Ela é excessiva, não pode se conter, como a flor não pode conter sua fragrância - ela tem que se espalhar pelo ar."

POEMAS DE DOR E TERNURA

Ela é excelente escritora e seus textos poéticos são do mais alto nível.
Como mãe, mulher e amiga ela é inigualável.
Tenho a honra de me considerar sua amiga, depois de anos em que lia e admirava seus poemas sem, sequer, imaginar que iria conhecê-la um dia e sabê-la minha (quase) parente.
DARCY FRANÇA DENÓFRIO, minha conterrânea, além de destacar-se na área do ensaio e da crítica literária, presenteia-nos com excelente poesia, como esta do seu livro Poemas de Dor e Ternura:

RESISTÊNCIA

Passou um vendaval
em minha vida.
E eu fiquei
mastro solitário
sobre um casco à deriva.
Mas ele não vai a pique
nem com o peso desta solidão.

12 de julho de 2011

PURO CARMIM



Dores tive inúmeras. Cicatrizes tenho ainda algumas, indeléveis.
Hoje revendo meus textos postados no OVERMUNDO, retirei este que expõe meu coração ferido em razão da morte do meu marido, há alguns anos:
O sangue
do meu amado
ficou quase todo
no banco do carro.
Sobrevivente do caos,
perambulo até hoje
com o meu dentro do peito.
Mas, enquanto vivo,
germino minhas flores
e rio meu riso
de puro carmim...

11 de julho de 2011

TEXTO DE GIBRAN

Sempre admirei as obras de Gibran, desde a minha mocidade.

Gibran, nascido numa aldeia das montanhas do Líbano, era um reformador social e tinha em Jesus seu guia e sua esperança. Na época em que nasceu, a sociedade oriental, o povo era oprimido e explorado pelo clero e pela aristocracia.

Na sua primeira juventude, Gibran foi um rebelde na luta contra a iniquidade e mostrou sua rebeldia nos contos sentimentais e violentos, nos quais algum injustiçado se opõe heroicamente aos sacerdotes e feudos. Nesses contos, Gibran honra as virtudes.

Mas, foi no Evangelho de Gibran que o autor encontra sua maior inspiração: o amor aos pequenos, a condenação dos ricos, a coragem de enfrentar os poderosos e a pregação da verdade e da justiça. Em 1928, embora doente, decidiu escrever um livro sobre Jesus. Trabalhava até altas horas, ditando a Bárbara Young suas palavras, ocasião em que seu rosto refletia as grandes emoções que sentia. Retratou então Jesus como o homem mais sublime que já visitou a terra, um ser de sabedoria e forma ilimitadas, um poeta supremo, um irmão, um guia, o ideal de todos nós.
Li e releio sempre esse livro: JESUS, O FILHO DO HOMEM.
Há mais ou menos trinta anos, quando eu era ativa participante de movimentos católicos, fui convidada a preparar uma Reflexão sobre Jesus. Nela inserí trechos desse livro, em que Maria Madalena relata seu primeiro encontro com Jesus (na visão de Gibran). Todos os ouvintes ficaram emocionado e também eu.
Mas, passados alguns dias, foi recomendado a mim e a outros participantes que não usassem mais esse texto do Gibran no grupo em que eu participava.
Fiquei desapontada. Algum tempo depois deixei o grupo e continuei decidida a ler e apreciar todos os bons textos, de quem quer que fosse.
Aí vai um trecho:

"MARIA MADALENA

.......................................................................................................... Foi no mês de agosto que O vi novamente, através da minha janela. Estava sentado à sombra do cipreste, em meu jardim e estava imóvel como se tivesse sido talhado na pedra como as estátuas de Antióquia e das outras cidades do País do Norte.

E minha escrava, a egípcia, veio até mim e disse: "Aquele homem está novamente aqui. Está sentado ali, em vosso jardim."

E olhei para Ele, e minha alma estremeceu dentro de mim, pois Ele era belo.

Seu corpo era perfeitamente coordenado, e cada parte parecia amar cada outra parte.

Então, vesti-me com vestidos de Damasco, deixei minha casa e dirigi-me para Ele.

Seria minha solidão, ou seria Sua fragrância, que me impelia para Ele? Era uma fome em meus olhos que desejava a beleza ou era Sua beleza que buscava a luz dos meus olhos?

Ainda hoje não o sei.

Caminhei para Ele com meus vestidos perfumados e minhas sandálias douradas, as sandálias que o capitão romano me deu, sim, estas mesmas sandálias. Quando O alcancei, disse-lhe: Bom dia para vós."

E Ele disse: Bom dia para ti, Miriam."

E olhou para mim, e Seus olhos-de-noite me viram como nenhum outro homem jamais me tinha visto. E subitamente senti-me como se estivesse despida, e fiquei envergonhada.

Entretanto, Ele apenas dissera: "Bom dia para ti, Miriam."

E então eu Lhe disse: Não quereis entrar em minha casa?"

E Ele disse: "Já não estou em tua casa?"

Eu não sabia o que Ele queria dizer com isso, mas agora sei.

E Ele disse: Por que me convidas para ser teu hóspede?"

E eu disse: "Rogo-vos que entreis em minha casa." E era tudo o que era terra em mim e tudo o que era céu em mim chamando por Ele.

Então, Ele olhou-me, e o meio-dia dos Seus olhos estavam sobre mim, e Ele disse: "Tu tens muitos amantes; entretanto só eu te amo. Os outros homens amam a si mesmos quando te procuram. Eu te amo por ti mesma. Os outros homens vêem em ti uma beleza que desaparecerá mais cedo do que seus próprios anos. Mas Eu vejo em ti uma beleza que não esmaecerá e, no outono dos teus dias, esta beleza não terá receio de olhar-se no espelho, e não será ofendida.

Somente eu amo o que não se vê em ti."

...................................

E afastou-se caminhando.

Mas nenhum outro homem jamais caminhou da maneira como Ele caminhava. Era uma brisa nascido no meu jardim que se movia para o leste? Ou era uma tempestade que abalaria todas as coisas até seus alicerces?

Eu não sabia, mas naquele dia o poente de Seus olhos matou o dragão que havia em mim, e tornei-me uma mulher, tornei-me Miriam, Miriam de Mijdel."
Não é um texto valioso?

2 de julho de 2011

NÃO ME ENTENDO COMIGO

Repousa sobre o trigo
Que ondula um sol parado.
Não me entendo comigo.
Ando sempre enganado.
Tivesse eu conseguido
Nunca saber de mim,
Ter-me-ia esquecido
De ser esquecido assim.
O trigo mexe leve
Ao sol alheio e igual.
Como a alma aqui é breve
Com o seu bem e mal!
Fernando Pessoa (De Cancioneiro)