21 de janeiro de 2012

KALIL GIBRAN - CARTAS DE AMOR

Mary Haskell foi uma grande amiga e um grande amor de Gibran Kalil Gibran. Nascida nos EEUU, trocou, durante vinte anos, inúmeras correspondências com o referido escritor a quem chamava de "meu amado". Essas cartas estão hoje na Universidade da Carolina do Sul e podem ser consultadas por especialistas e estudiosos.

Paulo Coelho, ao publicar o livro Cartas de Amor do Profeta, buscou a essência de algumas dessas cartas, adaptando livremente o seu texto, mas buscando ser fiel ao pensamento de Gibran e não às suas literais palavras.

Eu, particularmente aprecio muito essa obra e estou sempre a reler os textos desse livro.

Hoje, escolhi um deles, que vem a ser uma carta escrita por Gibran a Mary, em 10 de novembro de 1911:

"Há uma velha canção árabe que começa assim: "Só Deus e eu mesmo podemos saber o que se passa em meu coração." Hoje, depois de ler tudo que você tem me escrito, eu poderia acrescentar: "Só Deus, eu e Mary podemos saber o que se passa no meu coração."

Eu gostaria de abrir meu peito, tirá-lo dali, e carregá-lo em minhas mãos, para que todos pudessem ver. Porque não há desejo maior em um homem que revelar-se a si mesmo, ser compreendido por seu próximo; todos nós queremos que a luz que colocamos atrás da porta seja posta no meio da sala, na frente de todos.

O primeiro poeta deste mundo deve ter sofrido muito, quando deixou de lado seu arco e sua flecha e tentou explicar aos seus amigos o que havia sentido diante de um pôr-do-sol. É bem possível que estes amigos tenham ironizado o que ele dizia, mas ele o fez assim mesmo, porque a verdadeira Arte exige que o artista tente mostrar-se. Ninguém pode conviver sozinho com a beleza que é capaz de perceber.

E quanto a nós dois, que buscamos o Absoluto, e que construímos um jardim usando a nossa própria solidão, a Vida nos deixou a imensa paixão para aproveitar cada instante, com toda a intensidade."

Feliz de Gibran por sua Mary que o compreendeu tanto! Nem todos tem essa mesma sorte.

Eu, de minha parte, mesmo incompreendida, mesmo quando a dor me visita, não deixo de viver. Ando aproveitando também, cada instante, com toda intensidade, apaixonadamente.

Um comentário:

Tayná disse...

Tão lindas as cartas de Gibran... Também tão lindo o seu texto. Vou procurar as cartas completas para que eu possa lê-las...