17 de janeiro de 2012

REFLEXÃO

Engraçado... acho que eu não sou mais eu. Não sei mais que alma é essa que se esconde dentro do meu corpo. Um desassossego às vezes, uma inquietude, uma inadequação... Se nem mesma eu sei quem sou, como irão me conhecer e me compreender? Sinto uma dores que ninguém vê nem percebe. E mesmo que eu as defina, duvidam porque não captam a extensão e a profundidade delas. Essa é a verdadeira solidão. Não há remédios que vem de outrem. O socorro não vem de fora. Só é possível quando se tira das próprias entranhas o antídoto que, muitas vezes, tem efeitos tão lentos...

Mas toda essa revolução interna não é em vão. Enquanto ela acontece, algo de misterioso ocorre.

Uma outra pessoa aflora de dentro da angústia e nos salva. Somos nós mesmos, renascidos do sofrer. E aí, milagrosamente nos enchemos de esperanças. De novo. E de novo. A cada vez que sofremos e morremos um pouco, somos salvos pela esperança.

Assim é comigo. Nunca ouvi alguém dizer que quando sofre, sofre com tamanha intensidade. Não que eu conheça. Então eu me sinto estranha e incompreendida, porque minha sensibilidade me fere muito. Às vezes encontro alento em alguns textos espirituais, e me acho em sintonia com Clarice Lispector, de quem falo tanto. Ela era assim, incompreendida.

Hoje, tentando vencer essa nostalgia que me envolve, num esforço descomunal, volto aqui neste blog que há bastante tempo não alimento.

E trago de presente o que disse Clarice:

"Esperança é como o girassol que à toa se vira em direção ao sol. Mas não é à toa: virar-se para o sol é um ato de realização de fé."

Estou de frente para o sol. Agora.

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