Não sou uma pessoa normal.
Ou melhor, não sou uma pessoa normal, diante da ótica da maioria das pessoas. Gosto do dinamismo, da flexibilidade, da liberdade. Os meus sessenta e cinco anos de vida não me tiraram a energia, o ânimo de ir e vir, de conhecer outros vizinhos, vislumbrar outras paisagens. Não vou negar: gosto de mudanças. Em mim e na minha vida.
Por que estou discorrendo sobre esse tema? Porque estou novamente me mudando de casa. Agora pela 39ª vez.
Normal. Perfeitamente normal para mim. Embora cansada fisicamente com a desarrumação dos armários e gavetas para acomodar meus pertences nas caixas, aproveito para eliminar o que já não me serve, o que não quero mais, o que pode ser descartado.
Pensam vocês que estou me referindo apenas a coisas materiais?
Nao! Enquanto releio documentos, anotações, rasgo papéis antigos, eu também me faço uma releitura. Reflito, penso no que posso eliminar de ruim e desnecessário na minha vida e no meu coração. Vou deixando para trás alguns objetos e móveis e levando em frente o propósito de eliminar alguns defeitos possíveis para me tornar uma pessoa mais generosa, mais altruista, mais paciente.
Nesses momentos que antecedem uma mudança de casa, busco também exercitar o desapego. Doo algumas roupas, objetos de decoração, enfeites. Sempre acho que o trecho da estrada à minha frente pede agora menos coisas e mais simplicidade.
Os budistas dão enorme importância à questão do apego. Segundo seu entendimento o desapego nos conduz ao caminho da libertação.
E como sempre digo, sou passarinho sem gaiola. Vou alçar vôo novamente.
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