18 de novembro de 2010

LYA LUFT - MAIS UM POEMA

Quando o Gotte, meu marido e pai dos meus filhos nos deixou, fiquei aturdida sem poder perder-me; golpeada sem poder cair, porque meus braços e meu coração precisavam, mais do que nunca, envolver meus filhos também golpeados.
Encontrei abrigo na dor de Lya Luft. Ela sabia exatamente o que eu sentia. Nossas dores e situações vividas eram quase as mesmas.
Hoje, encontrei um dos seus livros que à época me confortavam.
Posto agora um de seus poemas em que relata o cotidiano com o seu então companheiro Hélio, falecido:

"O meu amado tinha muitos amigos.
Alguns, especiais, gostava de trazer em casa.
Pedia-me um jantar diferente
para um, dois, ou mesmo dez.
Era a homenagem que fazia aos que amava.
O vinho revelava outro sabor ao lado dele,
as palavras revestiam em sua boca um significado singular:

dizia termos que ninguém usava
e nele esplendiam.

Eu me calava para ouvir
e ver a alegria da amizade inchar seu coração.

(Sua mão procurava a minha no sofá
para dizer que em nenhum momento
me esquecia.)"

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