27 de outubro de 2011

VOLTEI, AQUI É MEU LUGAR...

Estou de volta, após a experiência de sete dias perambulando por Lisboa.

Viagem ótima: muitos passeios solitários, muita reflexão, muitas orações, muito vinho e bacalhau. É engraçado como as pessoas estranham o fato de uma mulher estar como turista, sozinha. Como se isso diminuisse o valor das viagens. Ao, contrário, há muita riqueza nisso. O momento pelo qual eu passava exigia introspecção, silêncio. Meu coração sangrava de dor porque meu irmão caçula está com leucemia. Eu estava estafada de tanto chorar e acordar insone nas madrugadas, pensando nele. Quantas vezes eu repeti a mim mesma e a Deus, que eu preferiria estar no lugar do meu irmão. Mas não, essa carga é personalíssima. Só me restava acreditar que a batalha será vencida, que a dor vai passar, que o amanhã trará outras flores.

E fui. Disse a mim mesma: vou a Fátima rezar. Em Lisboa andei por praças, monumentos e museus. Caminhava também por ruas desconhecidas, sem me importar se elas teriam ou não saída. Caminhava até a exaustão.

Almocei onde quiz e na hora em que senti apetite. Sim, porque não levei relógio, nem perguntei a quem quer que fosse, que horas eram. Acordava e dormia naturalmente, sem saber se era cedo ou tarde.

Mas eu nenhum momento eu me senti infeliz. Triste, sim, pelos problemas que enfrentava, mas infeliz, não! Eu me permitia admirar tudo que era belo; vislumbrava, encantada, as águas do Tejo, as flores exuberantes dos jardins e parques. Eu me dei o direito, todos os dias, de entrar nos restaurantes ( Bem Belém, em Belém; João do Grão, na Baixa; Cervejaria Trintade, no Bairro Alto e diversos outros no Cais de Alcântara, como o Espalha Brasas -Armazém 9) e degustar delicosos pratos acompanhados de uma excelente taça de vinho.

Fui à Fátima e cheguei à Igreja, no exato momento em que celebravam uma Missa. Fui tomada por uma onda de emoção. Rezei muito por todos e, em especial, pelo meu irmão Silvano. Supliquei à Virgem que cobrisse com o Seu manto meu irmão e que Sua luz inundasse seu corpo naquele momento e lhe concedesse a cura total da doença. O Sil não é só meu irmão: ele é o meu irmão mais amado, como João era para Jesus. O Sil é uma mistura de irmão e filho e tudo que ele sofre reflete em mim, dói nas minhas veias também. E no coração.

Rezar foi muito bom pra mim. A fé remove mesmo montanhas. Vem aquela certeza de que o Ser Supremo nos envolve em bênçãos e luzes. A mesma certeza senti nos Jerônimos, na Igreja de Santa Maria de Belém.

Passeei bastante pelas ruas que circundam a Praça do Rossio, em especial a Rua Augusta, com suas lojas elegantes e tradicionais, restaurantes e cafés com mesas coloridas no meio da rua e as pessoas caminhando à volta (como uma miniatura da Champs Elisée, em Paris).

Voltava ao hotel quando eu me cansava. Aproveitava para descansar e refletir. Não senti solidão, em nenhum momento. Como é bom esse privilégio de estar em silêncio algumas vezes, sem ser interrompida.

Estou feliz, realizada por ter vivido essa semana em Lisboa. Voltei mais recuperada, fortalecida. Encontrei meu irmão melhor e a cada dia todos nós confiamos de que a cura acontecerá. Temos certeza que o tratamento é eficaz e as bênçãos divinas recaem a cada dia sobre ele.






3 comentários:

Anônimo disse...

Importante é ter-se. Saber-se. Achar-se.
Pelo que li, voce tem conseguido.
Parabéns
Um abraçoEG

Anônimo disse...

Importante é ter-se. Saber-se. Achar-se.
Pelo que li, voce tem conseguido.
Parabéns
Um abraçoEG

Walnizia disse...

Caro poeta, obrigada pelo comentário e pela compreensão. Você sempre traz o olhar mais lúcido e a palavra mais certa.
Um abraço
Walnizia