9 de junho de 2011

REFLEXÃO

Há alguns dias eu me aborreci, envolvida num dilema: até quando eu deveria me importar com as decisões de filhos adultos, fossem elas acertadas ou equivocadas? No caso concreto, dei palpites, chorei, briguei, defendi minha posição contrária. Mas eu tinha certeza de que a minha visão era mais clara e acertada.

Será mesmo? Será que não deveria deixar que uma atitude claramente impensada causasse grandes e irreversíveis prejuízos financeiros a um filho e sua familia? O que fazer, diante da intransigência de um filho que (na visão madura e sábia dos pais) quer agir de forma imatura, em nome da liberdade individual. Fiquei dias e noites meditando. Os filhos crescem e já não nos ouvem mais... Ficamos atônitos, nos perguntando porque o elo que nos liga a eles tornou-se tão frágil...

Megulhando nas reflexões de Lya Luft, na sua obra Multipla Escolha, encontrei trechos muito sábios: "Mas acontece olharmos consternados aqueles a quem achamos que tínhamos passado a tocha, o bastão - e vermos que quase nada nos liga a eles, ou pouco os liga a nós: praticamente nem nos conhecemos. Filhos e filhos de filhos andam por um mundo de liberdades e possibilidades que a gente mal entrevia, algumas das quais conquistamos com sangue e dor, mas eles nem sabem disso, nem se importam: filhos não querem saber dos problemas dos pais, e há de ser natural assim.

A verdade é que nem tudo o que lhes entregamos era ouro, nem todos os caminhos levavam à alegria, nem tudo foi libertação.

Muitos moços ficam incertos quanto a seu lugar na sociedade e na família, atordoados pela competição de mercado, seduzidos pelas facilidades, nivelados por baixo pelo ensino ruim, desesperançados dos líderes cínicos, confundidos pela hipocrisia. Irritados com nossa incompetência em lhes dar um legado melhor, sofrem com a falta de uma cultura mais coerente, uma sociedade mais limpa, oportunidades mais justas, menos miséria, menos cinismo.

Mas a tendência mais frequente (e desde a antiguidade sempre foi) é nos queixarmos deles: os meninos não estudam, não querem nada com nada, não apreciam a família, não têm objetivos maiores, nunca amadurecem. Mas, e nós? O que fazemos para que se valorizem, amadureçam, adquiram autonomia?"

Não sei. O que eu poderia fazer, já fiz. Melhor, fiz mais do que deveria e poderia. Passei como mãe (e depois de 1990, como pai e mãe) todos os valores éticos e morais e todos os bons exemplos possíveis.

Agora, já no outono da minha vida, preciso mais é pensar em mim, me amar, ter carinho e paciência comigo mesma. E até me perdoar, se falhei como mãe.

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