Estou sem vontade de escrever, de desabafar. Ando mais para fado do que para samba.Nem me surgem emoções tão tristonhas, nem tão alegres. Estou assim como o tempo em Brasilia: Ora faz sol, ora a chuva intermitente deixa o céu cinzento. Mesmo apática, a esperança não perco. A esperança de que amanhã minh'alma deixe de estar nublada e eu possa abrir os braços, feliz, como quem abraça a primavera.
Introspectiva estou. Ou sou? Aproveito para ficar comigo, fazer-me companhia, convencer-me de que é melhor ficar tranquila, de que tudo na vida passa. O que é bom e o que é ruim. Aproveito para ouvir música, para ler e para fazer orações que a fé, ah, essa eu não perco. Aguardo ansiosa, o resultado do exame laboratorial, meu e dos meus irmãos, para saber se entre nós, há um doador compatível para o transplante de medula que vai salvar o nosso irmão Silvano.
Enquanto isso quero ficar sozinha, para pensar, rezar, tentar me acalmar. E continuar a devorar Pessoa, que me conhece tanto.
Como agora:
"AUTOCONHECIMENTO
Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato."
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